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PEQUENOS ERROS SEM IMPORTÂNCIA

Pequenos erros sem importância, título que dá nome à exposição de Ana Calzavara na Galeria Gravura Brasileira, trata de agrupar fotografias e gravuras que remetem à ideia da não-exatidão, da falibilidade. 

 

O nome, tirado de um livro de contos do autor italiano Antonio Tabucchi, aponta para o processo de criação da artista – mínimos desajustes de registro, sobreposições que não coincidem, repetições, ausências, fragmentos. Esses trabalhos, de um modo ou de outro, falam da condição da incerteza, tão amada pelos barrocos, que a elevaram à metáfora do mundo. 

 

Mas ao mesmo tempo em que, em certa medida, não têm como vocação a procura pelo absoluto, também é fato que não se contentam com uma existência totalmente destituída de sublime, mas essa via sempre se dá a partir da experiência e da ordem do contingente. Daí a presença constante, na mostra, dos trabalhos em série, tentativas de falar das coisas não em uma única imagem que busca a essência, mas nas repetições que, numa passada regular e quase monótona, vão se somando até formar um sentido, discretamente. Ou, se única, é uma imagem feita de amálgamas, acréscimos, sobreposições, como num coro em que a beleza é apreendida na somatória de várias vozes em uníssono.

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